O papel da gestão na ideação, modelagem e validação da proposta de valor de um negócio
Por Fabio Zoppi Barrionuevo *
Experimente você dirigir seu carro por alguns meses, encobrindo totalmente a visão do painel com qualquer artefato. Encobrindo mesmo, sem sabotar! Tenho a certeza que notará a ansiedade aflorar, às vezes tomar conta, quando passar por um radar verificador de velocidade, sem saber se está acima da velocidade permitida, ou desacelerar tanto a ponto de causar transtorno ou acidente no trânsito. Aflorará, também, ao ser negligente em uma curva, quando se está atrasado para algum compromisso, quando o carro parar por falta de combustível, ou até mesmo se o motor fundir, se algo acontecer com a pressão do óleo ou água do radiador.
Tenho por hábito usar esta analogia, como docente, consultor e mentor do Programa InovAtiva, chamando a atenção do empreendedor quando o assunto é avaliação dos riscos, antes de assumi-los, e o papel da GESTÃO em um negócio. Um empreendedor é reconhecido pela capacidade de assumir riscos ponderados, e tolerância a eles, em um negócio, assim como pelos comportamentos derivados disto no processo de empreendê-lo. Nada errado até aí, porém, não é aceitável deixar o poderoso e habitual feeling conduzir as decisões determinantes do negócio. Pode, e se for, será desastroso! Talvez, e neste sentido, o exemplo prático mais conhecido do que representou a falta da gestão em um empreendimento foi o Projeto Lisa, da Apple, considerando também o fato disso ter ocorrido em 1978, quando muitos conceitos, técnicas e ferramentas de apoio à gestão ainda não existiam, ou estavam em desenvolvimento.
De forma ampla, é possível afirmar que não há gestão em um negócio sem definição de metas, assim como não é possível definir metas sem realizar medições. E sem gestão o negócio fica vulnerável ao que acontece nos ambientes interno e externo. O empreendedor, desde o início, deve perseguir a medição sistemática dos dados que compõe seu negócio, transformando-o em informações, para assim compor o conhecimento e por final a inteligência do negócio. Desta forma, terá condições de tomar as decisões com a maior efetividade possível.
Mas como colocar isso em prática, entendendo, também, que não existe um único conceito ou técnica de gestão que garanta 100% dos resultados pretendidos? No início de um negócio é normal não haver muito conhecimento, referências e histórico pronto. Entretanto, o empreendedor deve ter a atitude de produzir essas referências, sempre baseadas no mercado-alvo, e não no produto, serviço ou solução a ser oferecida. Não por acaso, uma boa ideia vêm à cabeça com sucessivas frustrações enquanto cliente, contudo, quando as ideias surgem, a cultura brasileira, infelizmente, acredita que não se deva contá-las a ninguém. Claro, é necessário precaução com isso, porém, estruturar uma pesquisa simplificada ajudará o empreendedor a obter informações preciosas para tomar decisões lá na frente.
Por fim, uma vez que a ideia toma corpo, é altamente recomendável o empreendedor aplicar os conceitos de Lean Startup (http://www.theleanstartup.com), método desenvolvido por Eric Ries, que considera a eliminação constante de desperdícios, e se baseia na tríade Construir, Medir e Aprender. De forma geral, as sugestões são:
1 – Aplicação do Canvas, para modelagem proposta de valor (parte do Canvas seguinte, porém mais detalhado);
2 – Aplicação do Canvas, para modelagem do negócio;
3 – Definição do produto mínimo viável (MVP, do Inglês Minimum Viable Product);
4 – Pivotagem do negócio, considerando os 10 tipos apresentados por Eric Ries;
5 – Validação da proposta de valor do negócio.
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* especialista em inovação, competitividade e internacionalização de empresas. Também é docente, consultor e mentor do InovAtiva Brasil.