Três dicas indispensáveis para criar apresentações para conquistar investidores
Por Rodrigo Gutierres *
É normal que as pessoas tenham muitas dúvidas na hora de criar um slide de apresentação que servirá de apoio para a captação de recursos. Embora o medo possa ser um sentimento constante, é preciso ter segurança e um preparo minucioso. É preciso pensar desde o conteúdo que estará presente na sua apresentação, a identidade visual e, enfim, atentar-se à postura adotada ao se expressar à sua audiência.
Preparei três dicas que podem ser muito úteis e que vão lhe tranquilizar – sem minimizar as responsabilidades – na hora de ganhar seus prospectos investidores.
1 – Pense o seu conteúdo
As pessoas tendem a entupir os slides de textos, gráficos e diversos conteúdos que poderiam ser excluídos da apresentação. E isso pode se dar por diversos fatores, sobretudo, para mostrar “aprendizado” ou “estudo”. Vou propor que você inicie pelo caminho inverso. Aí, você vai me perguntar: mas como?
Comece pensando na estrutura da sua história. Por mais sério que seja seu público alvo – como CEO’s de empresas – o emocional também pode estar em jogo na hora de ganhá-los. Atente-se ao fato de que, quando compramos algo, geralmente somos levados pela emoção e não pela razão. Tendemos a racionalizar demais em apresentações ditas como “formais” e esquecemos que quem nos assiste são pessoas. Talvez virar seus questionamentos para o quanto essa audiência conhece seu produto ou se já está familiarizada com ele seja o melhor a se fazer.
Na vida, quando falamos para uma criança agimos de uma maneira. E com adultos temos outro comportamento. No mundo dos negócios não é diferente! É preciso ir à fundo e conhecer o máximo possível de quem vai lhe ouvir, para ganhar pelo saber e pela emoção. A razão servirá, somente, como afirmação de decisão. Depois de pensar na sua audiência, defina um objetivo e vá afunilando os questionamentos.
Por exemplo:
“Eu preciso de recursos para minha startup”. Ótimo, mas quanto? Pra que? Em quanto tempo? Assim conseguirás definir o que chamo de “propósito”. Dele tirarás seu foco principal. Feito isso, será possível preparar então a estrutura do seu conteúdo – com início, meio e fim.
Depois, é necessário elaborar o seu discurso que, quando apresentado no slide, solicitará, por si, só os dados – sejam gráficos, imagens, boxes etc.
Na hora de criar slides temos a tendência de iniciar diretamente no programa de criação de apresentações. Se você está fazendo isso, pare agora! Comece redigindo o “discurso oral”. Exatamente! Aquilo que você vai falar – e só depois crie os slides. A sua apresentação deve servir como apoio e deve ser um benefício, não um sonífero ou foco de desinteresse para quem assiste. Seja sucinto e coloque apenas o que REALMENTE for necessário. Não se torne refém do seu slide. Através da escrita do discurso – a priori – conseguirás definir o que é assunto principal, o que é de fato “oratória” e o que é ruído, ou seja, o que não será utilizado e que poderá ser descartado.
2 – Pense sua identidade visual
Depois de já conter tudo que abordará e todo o conteúdo que usará na apresentação, é necessário preparar seu slide de fato. É fundamental criar uma identidade, algo que as pessoas se identifiquem, algo que elas recordem – algo que as faça investir em você e na sua ideia. Como falei há pouco, as pessoas possuem o lado racional e emocional – use os dois. Pense desde cor até imagem. De estilo de fonte à tamanho. Deixe a sua marca!
Definir as cores é importante e para isso você pode utilizar as de sua empresa para que, quem lhe ouve, registre quem fala – ou até utilizar a psicologia das cores. A imagem abaixo traz algumas sensações as quais nosso cérebro emite de acordo com o que vemos. Use este fator para ativar o subconsciente das pessoas. Sempre que usar uma cor, procure absorvê-la para todo o conteúdo, bem como o uso de boxes ou elementos gráficos. Evite uma apresentação bipolar.
Você também pode escolher imagens que servirão de gatilhos mentais. Usar uma foto que remeta ao seu conteúdo pode fazer com que seu investidor grave do que se trata, perceba a importância ou se identifique com a sua startup. Porém, é necessário ter cuidado para não usar imagens que já estejam saturadas – use metáforas.
Pensar na diagramação, ou seja, a distribuição da informação no seu slide também é algo fundamental. Torne essa distribuição didática e clara – você pode fazer isso aproveitando bem os espaços. Isso pode ser melhor explorado com animações. Mas evite usá-las para dar “show” ao seu produto, use-a para guiar seu discurso.
3 – Pense sua postura
Não adianta usar uma técnica para parecer mais confiante. É necessário ESTAR confiante! Questione-se sobre seu conteúdo, sobre o quanto ele está completo e qual diferença ele faz à quem assiste. Lembre-se que é necessário ensaiar para que conheças o assunto. Não há outro jeito. Separe um bom tempo para ensaios e saiba apresentar seu conteúdo em vários tempos diferentes. Tenha domínio sobre o assunto!
Há uma técnica que pode lhe auxiliar a ganhar confiança. Chamo de “modo elevador”. Abra uma janela de 30 segundos para explicar seu conteúdo. Conseguiu? Então perceba que você já tem seu gatilho principal. Foque nele! Agindo assim, conseguirás improvisar para acasos que podem acontecer, como a mudança da audiência ou redução do tempo. A única pessoa que sabe o que haverá no conteúdo é você mesmo. Garanta que o principal seja falado e atente-se para o fato de que, se você esqueceu algo, talvez não fosse tão importante.
E eu sei que a audiência também pode dar medo e soar desconfortável. Mas garanta que todos estejam prestando atenção. Perceba que se olhares para alguém da sua audiência por mais ou menos 3 segundos, por exemplo, essa pessoa deve fazer um sinal positivo com a cabeça. É clássico – esse é o aviso para mudar seu olhar para outra pessoa. Fale com todos e para todos. Seja você mesmo – com cuidados – e saiba reconhecer seu modo apresentador. Depois é só apertar a mão de seus novos investidores.
* Designer, sócio-fundador da Convés Criativo e mentor do Programa InovAtiva Brasil.